"Eu sou festeiro de bumba-meu-boi por causa, talvez, do sangue do meu avô, de ser neto de escravo; essas danças estão no sangue da gente." (Teodoro Freire)
O olhos brilhavam como os de uma criança cada vez que via o seu boi dançar. Assim era Teodoro Freire, ou Seu Teodoro do Boi, ou ainda Seu Tioda, um apelido carinhoso dos amigos.
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Seu Teodoro no local onde ele intitulava como escritório: área verde do Centro de Tradições Populares. |
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Faleceu na madrugada do dia 15 de janeiro. Foi fazer "a viagem". Em vida, alimentou sonhos e alegrias, e foi o Mestre do Bumba-meu-boi de Sobradinho e do Tambor de crioula. Tradições culturais que ele trouxe de sua terra natal, o Maranhão. O boi de Sobradinho foi tombado como patrimônio imaterial do DF e passou a ser conhecido em todo o país. Em 2006 recebeu das mão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a medalha de Ordem do Mérito Cultural.
Sua história de vida e luta foram escritas, filmadas e fotografadas. Em 2007 o fotógrafo e pesquisador Eraldo Peres publicou o livro "O Encantador - Seu Teodoro do Boi", onde a história de Seu Teodoro é contada em etapas: desde o nascimento no interior do Maranhão, os primeiros contatos com os grupos de Boi; a mudança para o Rio de Janeiro e a montagem do seu primeiro grupo de boi; e sua vinda para o primeiro aniversário de Brasília, onde criou sua família e há quase meio século guiou os caminhos do Boi de Sobradinho.
"Tive o imenso prazer de conviver com esse homem quase diariamente, por mais de um ano e meio, quando estivemos juntos desenvolvendo o projeto do livro. Foram tempos de muito aprendizado e de muitas conversas, quando pude conhecer uma pessoa incrível que me encantou e me encheu de prazer," disse Eraldo emocionado ao dar seu último adeus a Teodoro.
"Ao Seu Tioda meu muito obrigado, por permitir essa convivência, por nos brindar com sua simplicidade e sabedoria, por fazer o nosso mundo um pouco melhor e de fazer da nossa cultura um orgulho."
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Corpo de Seu Teodoro sendo velado. (Foto: Alex Farias) |
O corpo de Seu Teodoro foi velado até a manhã de hoje (16/01) no Centro de Tradições Populares, em Sobradinho, e será cremado às 14h, em Valparaíso. Em cima do caixão estavam as bandeiras do Flamengo, do estado do Maranhão, da escola de samba Estação Primeira de Mangueira e o seu chapéu, acessório inseparável.
* Veja galeria de fotos do Bumba-meu-boi.